Arte, Cultura e Filosofia

“Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque está escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e benefício de todos, aceite-o e viva-o.” (Sidarta Gautama, o Buda)

A mensagem é sempre examinar e ver por si mesmo. Quando você vir por si mesmo o que é verdadeiro — e esse é realmente o único modo pelo qual você pode conhecer genuinamente qualquer coisa — quando isso acontecer, aceite—o. Até aí, apenas deixe de lado o julgamento e a crítica.


"Se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco."

sábado, 20 de agosto de 2011

espelhos projeções auto conhecimento

(Mulher em frente ao espelho , Pablo Picasso,
1932, óleo sobre tela, The Museum of
Modern Art, NY, EUA).

Alguém já escutou que "quando Pedro fala de João, sabemos muito mais sobre Pedro do que sobre o João"? Pois é, este é o fenômeno da projeção, muito importante para o nosso autoconhecimento, diga-se de passagem.

Debbie Ford, co-autora do livro "O Efeito Sombra", diz que podemos sim nos ver, e em cores, ao prestar atenção no que observamos nas outras pessoas. Somos programados para projetar em outras pessoas as características que não conseguimos ver em nós.

Tem um ditado antigo que diz: "Se você viu é porque também tem".

Alguns trechos da segunda parte do livro "O efeito sombra", de Debbie Ford:

"Quando nos vemos obcecados pelos aspectos das sombras de outras pessoas, é porque elas também tocam as nossas. Neste mundo holográfico, tudo é um espelho, e você está sempre se vendo e falando consigo mesmo. Se você escolher, pode olhar agora para o que o afeta emocionalmente como um alarme, uma pista para desvendar sua sombra, um catalisador para o crescimento que lhe dá a oportunidade de recuperar um aspecto oculto de si mesmo."

"Assumir as próprias projeções é uma experiência corajosa que o torna humilde, e pela qual todos temos que passar para encontrar a paz. Ela nos força a reconhecer que somos capazes de fazer coisas que frequentemente desgostamos nos outros."

"Não precisamos procurar muito para descobrir que, em geral, estamos fazendo exatamente o que criticamos nos outros. A aparência pode ser completamente diferente; no entanto, a força propulsora por trás de nosso comportamento é, de fato, a mesma. Às vezes, pode ser desafiador identificar esta força dentro de nós, porque talvez não estejamos demonstrando exatamente o mesmo comportamento que a pessoa em que estamos projetando está, mas o comportamento está ali, dentro de nós."

O mais interessante é que a própria vida se encarrega de nos dar uma ajudinha para evoluirmos: a autora fala que "quando temos uma característica sem que haja vedação para ocultá-la, atraímos pessoas e incidentes a nossa vida, para nos ajudar a curar e integrar os aspectos negados.

Porém se abraçarmos as características que nos perturbam nos outros, já não nos incomodaremos com ela. Talvez as notemos, mas elas já não nos afetarão.

Quando li este livro, foi uma verdadeira revolução na forma como eu percebia as pessoas, e em como aquilo tinha a ver comigo mesma.
Em uma aula de História da Arte, estávamos estudando o quadro de Renoir abaixo:



Uma das análises era a descrição da interpretação pessoal da obra. Uma pessoa da turma disse que para ela o quadro descrevia uma menina, que estava entediada e angustiada de estar ali parada fazendo a foto do quadro enquanto poderia estar brincando no campo.
A minha percepção do quadro era totalmente diferente da percepção descrita por ela, mesmo o quadro sendo exatamente o mesmo. Para mim a menina estava muito feliz colhendo flores naquela tarde alegre e neste mesmo estado de espírito, ela parou para o retratista pintar a sua imagem.
Aquilo me marcou porque lembro que na época eu estava lendo justamente a parte do livro que fala das projeções, e em como o que vemos nas pessoas é muito mais o que vemos dentro de nós através da outra pessoa.

Com esta consciência da nossa projeção, podemos dar um salto quântico na nossa evolução e crescimento pessoal! Pensaremos duas vezes antes de falar dos outros, pois talvez aquilo que iremos falar não seja exatamente o que queremos saber sobre nós mesmos.

6 comentários:

  1. Nossa! Menos de 5 minutos depois de ler este teu post eu estava lendo a CNET (site de notícias de informática) e por acaso (ou sincronicidade) ao seguir um link, caí nesta página abaixo!
    http://www.ayearwithoutmirrors.com/

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Oie!
    No exercício...

    A projeção se faz diferente da percepção.

    Projetar de fato é o espelho.
    Um pai projeta aquilo que deseja para o seu filho. O pai quer ver no filho um pouco de si. Mesmo que o filho não o queira. Há um conflito.Não há possibilidades.

    Uma relação a dois também é um bom exemplo de projeção. Você muitas vezes não entende o outro porque projeta nele o seu próprio desentendimento. Você se defende projetando no outro seus próprios impulsos, seus conflitos internos.
    É o reflexo de um sentimento.É o espelho.

    Já a percepção perante o quadro ou ao outro ou ao mundo.
    Considero uma condição única, determinada por si mesmo. O outro não vai fazer você perceber. É você que percebe o outro no seu mundo.

    A percepção não é uma adequação, mas fundamentalmente uma criação. (Merleau-Ponty)

    A projeção tenta adequar.

    A percepção é pouco de criatividade, pois é resultado de inúmeros fatores que faz com que você naquele momento perceba.
    É o seu estado corporal e mental, é o tempo, é a historicidade, é a cultura, são as relações vividas ...

    A percepção nos dá a chance de se relacionar. De compreender o outro. Dá respeito.
    Pois aceitamos aquele momento que está em constante movimento.A percepção é um carrossel de possibilidades. Eu posso amar por isso, ou eu posso odiar pelo mesmo isso. Vai depender do meu estado, da minha situação corporal sensitiva de ver e aceitar o que vejo. Da minha emoção.

    Ao ver a arte você estava na sua real verdade mundana, que não é estável, que possui movimento. Que fez você sentir, naquele momento a tua verdade em movimento, ... aquela que te levou a colher flores.

    Abraço!

    Aline Sens Duarte

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  4. Em teu olho há um argueiro, disse eu a um irmão...
    Mas não pude ver bem claro, minha vista escureceu. Em meu olho então reparo, uma trave tinha eu.

    Trechos do Hino A Verdade é Nosso Guia. Escrito por Eliza R. Snow, 1804–1887.

    Para o Hino completo acesse:
    http://lds.org/cm/por/pdf/Hinos_172_AVerdadeENossoGuia_por.pdf

    Gostei muito do pouco que pude ver em seu blog. Forte abraço.

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  5. Auto conhecimento...ótimo assunto..rs.dah uma olhada nisso gabis.. adorei do dharmalog bjs http://dharmalog.com/2011/08/16/por-que-voce-nao-muda-o-que-te-impede-o-auto-questionamento-franco-de-krishnamurti-video/

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  6. Adorei as mensagens! Acessei todas as sugestões de links e gostei de todos! Sempre que puderem, deixem seus comentários. Vamos continuar a trocar e dividir idéias.
    Zeller, Krishnamurti é sempre muito bom!
    Beijos!!!

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